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quinta-feira, 29 de setembro de 2011

É sempre a primeira vez

Essas mulheres que bebem sozinhas,
Minhas companheiras de segunda-feira.
A maioria é só infelicidade debruçada em balcão de boteco.
Uma conversa triste,
Umas cervejas,
Porção de azeitona,
Elas adoram cortejos baratos.

Debaixo do viaduto,
Ela de joelho entre baratas e lixos.
Ao fundo, uma rua deserta.
É escuro. Quiçá, seguro.
Pra mim não dá,
Apesar de todo esforça dela.
Fechei o zíper.

Boquiaberta, me perguntou o que foi:
- Não sei, é a primeira vez que me acontece.

terça-feira, 27 de setembro de 2011

Deus

Semana passada, tentei a morte.
Pulsos - clássicos - e uma boa dose de bebida.
Rezei para que nada desse errado.

Essa é a prova irrefutável que
Ou deus está morto,
Ou é um
Filho
Da
Puta.

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Amor

O amor costura botões,
Passa minhas camisas
E lava minhas calças.

O amor corta meus cabelos,
Me enche de perfume
E faz minha barba.

O amor é prêmio de consolação,
Coração que parece completo.
Complica as coisas
e inventa sentidos.

Prefiro a solidão.
Menos trabalho,
Sem flores em vasos,
Completo em vazio.

domingo, 11 de setembro de 2011

Acordei no Hospital Público

Só quem tomou glicose sabe.
Eu estava deitado num canto,
No chão,
Nu.
O braço ensangüentado.
Uma visão leitosa.

Tentei levantar.
O corpo me trapaceou.
Uma enfermeira que passava,
Abaixou e veio me tranqüilizar:

- Suas coisas estão guardadas,
Mas vamos ficar com o seu dinheiro.

Ela me roubou dez reais.

sábado, 10 de setembro de 2011

Ressacas e Securas

O álcool anda fazendo efeito.
A barriga cresce.
O corpo emagrece.
As olheiras alongam.
Vômitos, dores de cabeça e sede.

Se não fosse a escrita
Eu estaria bêbado
Agora mesmo.

Minha sobriedade -
Ficção de ponta de lápis.

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Julie passou aqui em casa

Ela disse que a casa cheirava a mulher.
Acusou-me de ser promíscuo -
Como se ela não fosse.

Eu tentei agarrá-la.
Trocamos um beijo,
Mas era tarde demais:
Ela se apaixonou por mim.
Ela se decepcionou comigo.

Julie saiu chorando,
Bateu a porta e
Ponto
Final.

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Um Nome de Santa

Ela é carente.
Carente pra caralho, por sinal.
Casamento de merda, infeliz com a profissão... por aí vai.
Umas garrafas de vinho potencializaram
O que o corpo magro
E o cabelo volumoso
Tentam esconder.

Bastou estar dentro,
Preencher o vazio.
Carne, suor, pele e gozo.
A santa é oca por opção
E não quer estar completa.
Ela só quer viver alguns milagres.

“Vós, que na terra fostes o amparo dos pobres,
Pede ajuda ao desvalido
E socorro ao endiabrado.
Desfrutais do eterno prêmio
da caridade que te faço.”

Santa Edwiges, gozai por nós.

sábado, 3 de setembro de 2011

Lisa é Mulher


Como combinado, Lisa bateu a minha porta. São sete da noite e eu estou de porre. Lisa se assusta com minha barba, minha cueca suja e a camisa apertada e curta.

Ofereci um copo de vinho barato e doce. Ela vira a bebida num gole. Dentro dela há uma resignação, eu sinto. Foda-se. Eu tranco a porta e jogo a chave debaixo da estante. Lisa está avisada que sua saída é condicionada a muita violência. Assustada, ela pega a garrafa e bebe no gargalo. Goles e mais goles. Eu escolhi bem o vinho.

As gotas caem e mancham sua camisa branca. Um top de alcinhas, comportado, mas perverso.

Eu tiro a minha cueca.

- Tira sua roupa também. – eu digo – vamos tomar um banho. Ficar cheirosos pra uma noite que você nunca vai esquecer.

Lisa dá mais um longo gole. Engasga, mas consegue engolir tudo. Eu elogio.

- Isso, minha putinha... Sua vida começa hoje, nas minhas mãos.

Tomamos banho juntos. Pegamos a garrafa de vinho e vamos para o quarto. Ela termina e eu pego outra. Estamos nus, esfregando nossos corpos. Lisa é macia como uma pena, leve como um floco de neve, branca como folha de papel.

Terminamos a quarta garrafa. Os lábios de Lisa estão vermelhos. Parece batom. Eu ponho a mão. O sexo está molhado. Acaricio. Enfio um pedaço do dedo. Ela fecha os olhos e respira fundo. Eu acho seu ponto G. Inchado. Nítido para a ponta dos dedos. Os gemidos surgem comportados.

- Agora, você é minha.

Seguro o cabelo de Lisa pela raiz, enfio minha língua garganta a dentro e o dentro tenta arrombá-la. Eu abafo seu grito com minha boca. As pernas dela se abrem enquanto vou alargando-a com dois dedos.

Lisa me segura pelo rosto. Ela tenta pedir piedade com seus olhares de prazer e medo. É tarde. A ponta da cabeça do meu pau encosta seu sexo molhado. Vagarosamente vou entrando. Ela vai reagindo a cada centímetro meu. Vou até o fim.

Sou perfeito. Não violento seu corpo. Só sexo. Simples. Sem parar.

Lisa não goza, mas eu sim. A cama tem uma pequena mancha de sangue e porra. Ela dorme em cima da sujeira. Daqui eu vejo o esperma escorrer por entre suas pernas. Eu sei que fiz dela minha puta. Agora, eu gozo quando quiser.

Isso vai ser o mais próximo de amor que ela terá de mim.

Domingo eu vou acordar me sentindo novo.