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domingo, 28 de agosto de 2011

Escritor

O sol incomoda minhas pálpebras e me faz suar. Não quero saber como acordei no Buraco do Lume, uma praça habitada por mendigos no Centro do Rio de Janeiro. Ainda estou usando uma camisinha, mas nenhum sinal de gozo.

Minha roupa fede a álcool. A sede é grande.

Caralho, como vim parar aqui?

Eu caminho em direção ao metrô da Carioca. Paro numa barraquinha de misto-quente. Peço uma promoção de um sanduíche e um refresco por R$ 1,50.

De longe, uma colega da faculdade de Direito me chama. Assim que ela se aproxima, vejo a cara de nojo com o cheiro que eu exalo. Ela não me dá dois beijos como de praxe, pergunta como estou e eu sou sincero:

- De ressaca e puto.

- Aconteceu alguma coisa? Quer ajuda? Dinheiro? – ela se demonstra falsamente como amiga

- Dinheiro tenho de sobra.

Ela me olha de como quem diz “Nem a caralho que tu tem”. Eu não me incomodo. Foda-se. É dessas patricinhas. Clichês demais para descrever.

- O que você anda fazendo da vida? – ela me pergunta sem interesse

- Sou escritor.

Ela se despede e vai embora. Sim. É melhor ser um mendigo metido a milionário que um escritor.

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